A cidade maravilhosa é, com certeza, um dos destinos mais belos do Brasil. Mas nem só de beleza vive a capital carioca. O centro da cidade está recheado de história e cultura.
O centro histórico do Rio de Janeiro é contornado por vias e construções centenárias que ilustram trechos importantes da história do Brasil do período imperial até a república. O visitante que caminhar pela Avenida Rio Branco, passar pelo Largo da Carioca, Cinelândia, retornar e pegar a Ouvidor até a Rua Primeiro de Março e desbravar tantos outros caminhos, encontrará museus, centros culturais e logradouros em que habitavam personagens de obras machadianas e representavam o ponto de encontro de intelectuais até meado do século 20.
É na região central que parte da Bellé-Époque carioca – período de constantes transformações urbanas, culturais e até na estética e arquitetura, que ocorreu no século 19 e deu certo “glamour francês” ao Rio – pode ser contemplada, ainda que em meio aos envidraçados arranha-céus contemporâneos, os transeuntes com seus Iphones e tantas outras peças capazes de comprovar as transformações inescapáveis com o avançar dos anos.
O Rio encanta pelas montanhas, florestas e praias mas respira história e boemia em alguns dos seus recantos, portanto, confira alguns lugares que você não pode deixar de conhecer no centro!
Biblioteca Nacional
A Biblioteca Nacional, inaugurada em 1910, é a maior da América Latina e consta como a oitava do mundo, com um impressionante acervo de 9 milhões de volumes e algumas raridades, como documentações do século 19 que foram trazidas por Dom João VI e a corte de Portugal.
Abrigando o principal patrimônio bibliográfico do país, o suntuoso prédio de estilo art noveau e neoclássico da biblioteca, passou (e ainda passa) por sucessivas reformas e recebe estudantes, pesquisadores e visitantes em geral, que também podem fazer a visita guiada. Vale a pena seguir até a Cinelândia – uma mais mais célebres praças do Rio – e conhecer esse monumento com muita atenção.
Theatro Municipal
Sem dúvidas uma das mais belas construções do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal – situado na Cinelândia, quase vizinho à Biblioteca Nacional – foi inaugurado em 1909 e por mais de 100 anos recebe as principais orquestras, companhias de balé e de dança do Brasil e do mundo.
A imponente casa de espetáculos foi construída no período em que o Rio de Janeiro passava por intensas transformações urbanísticas e culturais e a atividade teatral da cidade também vivia momento de ebulição. Hoje o teatro tem capacidade para 2252 pessoas e em 2008 passou por uma grande processo de restauração.
Museu Nacional de Belas Artes
O edifício do Museu Nacional de Belas Artes, assim como muitos dos prédios do centro histórico, foi construído no bojo das modernizações urbanas na cidade na virada do século 19 para o 20, e por decreto do presidente Getúlio Vargas, transformou-se no famoso museu em 1937.
Além de ser mais uma moldura arquitetônica da capital fluminense, o MNBA tem a maior e mais relevante coleção de artes do século 19 e entre desenhos, gravuras, pinturas, livros, documentos e diferentes objetos, concentra mais de 70 mil itens trazidos para o Brasil pelo chefe da Missão Artística Francesa Joaquim Lebreton e algumas obras deixadas por Dom João XI, quando retornou para o Brasil em 1821.
Paço Imperial
O Paço imperial está localizado na região da Praça XV, na rua Primeiro de Março, antigamente chamada Rua Direita e uma das primeiras vias do Rio de Janeiro. Erguido em 1743, o prédio colonial serviu como sede do reinado e do império brasileiro depois da chegada de Dom João VI ao país e em 1938 foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Com graciosas e tão identificáveis sacadas, o prédio desde 1985 funciona como centro cultural, onde ocorrem mostras de pintura, cinema, escultura, música, artesanato, fotografia etc. O edifício também dispõe de cafeteria e uma interessantíssima livraria, que tem excelente acervo de cds e vinis pouco encontrados no mercado.
Convento de Santo Antônio
O Convento começou a ser construído em 1608 e só foi finalizado em 1620, no alto do morro que ficava em frente a Lagoa da Carioca, que foi aterrada com as obras de urbanização do Centro.
O convento foi muito alterado e ampliado ao longo do tempo. A extensa fachada virada para o Largo da Carioca tem várias janelas de forma quase quadrada, muito espaçadas, que indicam a antiguidade do edifício. Um enorme cunhal de cantaria, na esquina do convento, é encimado por um grande pináculo. No interior há um claustro, de planta quadrada, ainda utilizado pelos frades do convento. Na portaria, construída entre 1779 e 1781, há um nicho com uma estátua de Santo Antônio.
O mais notável do convento é a sacristia setecentista, construída por volta de 1714 e considerada a mais bela do Rio de Janeiro.
Confeitaria Colombo
Fundada em 1894 por dois imigrantes portugueses, a Colombo era o reduto de intelectuais e da alta sociedade na Belle Époque carioca. Linda, com seus espelhos belgas com moldura de jacarandá, tudo muito bem preservado.
No centro histórico do Rio de Janeiro é viável aprender história e ao mesmo tempo saborear deliciosas guloseimas, caso você dê uma passada na tradicionalíssima Confeitaria Colombo, a doceria que já recebeu a visita da rainha da Inglaterra Elizabeth em 1968 e oferece diferentes tipos de doces – o quindim é SUPER recomendado – salgados e refeições em geral.
Inaugurada em 1894, a confeitaria tem três salões luxuosos e refrigerados e uma área para buffet. E se em tempos pregressos a Colombo era palco de celebrações de gala com figuras públicas proeminentes, hoje é muito solicitada para casamentos. Não há lugar com mais requinte para matar a fome entre um passeio e outro .
Palácio Tiradentes
Tudo começou por volta de 1640 quando se iniciou a construção de um prédio que possuía no seu piso superior a Câmara Municipal e no inferior uma cadeia chamada “Cadeia Velha”, onde eram abrigados os presos do período colonial. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ficou preso lá por três anos enquanto aguardava a execução na forca, o que viria a acontecer no dia 21 de abril de 1792. Com o passar dos anos, o prédio da Casa da Câmara e Cadeia teve outros usos. Com o fim do estado da Guanabara em meados dos anos 1970, o prédio passou a abrigar a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Atualmente, o Palácio Tiradentes conta também com exposições permanentes que falam da história do Brasil e do inconfidente mineiro. História essa que, apesar de muitos problemas, pode ser de mais luta e reivindicações, como mostra a trajetória de Tiradentes, o homem que foi homenageado no batismo do palácio.
Casa Cavé
A Casa Cavé foi fundada por Auguste Charles Felix Cavé, um imigrante francês, no dia 5 de março de 1860. Até hoje, a confeitaria conserva aspectos do Rio Antigo. Auguste Charles Felix Cavé ficou à frente do negócio até 1922.
Durante a belle époque carioca, na virada do século XIX para o século XX, a confeitaria ganhou ainda mais público e reforçou seu glamour.
“Dom Pedro II, Chiquinha Gonzaga, Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, Tarsila do Amaral e o ex-presidente Juscelino Kubitschek, Nelson Rodrigues e outras personalidades da história do Brasil eram frequentadores do local”, conta o pesquisador Carlos Costa.
O antigo edifício, que fica na rua Sete de Setembro 133, esquina com a rua Uruguaiana, no Centro da cidade, tem lustres, vitrais e vidros franceses; cadeiras, mesas de madeira e pintura a guache sobre placas de vidro projetadas por Francisco Puig Domenech Colom – um imigrante espanhol radicado no Brasil; e luminárias brasileiras, todas com o ar do Rio de outras épocas.